I Am a Hero: Zumbis, Delírios e a Realidade de um Antiprotagonista

I am a hero

Imagine um apocalipse zumbi. Agora imagine viver isso do ponto de vista de um sujeito frustrado, um artista, paranoico, armado com uma espingarda, e que talvez esteja alucinando tudo.
Assim é I Am a Hero, o mangá que desconstruiu o gênero zumbi ao inseri-lo na vida comum (e caótica) de um japonês socialmente disfuncional, misturando horror, crítica social e uma arte de encher os olhos.

Criação e Lançamento

Escrito e ilustrado por Kengo Hanazawa, I Am a Hero foi publicado pela Shogakukan entre 2009 e 2017 na revista Big Comic Spirits.
O mangá conta com 22 volumes, e se destacou por sua narrativa densa, visual cinematográfico e abordagem realista do terror psicológico.

Hanazawa era conhecido por suas obras de drama e slice of life, mas aqui mergulhou de cabeça no pós-apocalipse zumbi com uma lente crítica e introspectiva.

Enredo

O protagonista é Hideo Suzuki, um assistente de mangaká de 35 anos que sofre de ansiedade, tem alucinações e sente que sua vida está estagnada.

Tudo muda quando um vírus transforma pessoas em monstros canibais conhecidos como ZQN.
Hideo, ironicamente armado com uma escopeta que mantinha como hobby, precisa sobreviver e buscar sentido em meio ao colapso social, enfrentando não só os infectados, mas seus próprios fantasmas internos.

Estilo Visual e Narrativo

  • A arte de Hanazawa é extremamente detalhada, especialmente nos rostos, cenários urbanos e expressões humanas
  • O traço realista e os enquadramentos cinematográficos aumentam a tensão nas cenas de horror
  • O ritmo da história é lento, proposital e psicológico, com pausas longas e foco nos pensamentos do protagonista
  • A narrativa mistura realidade e delírio, deixando o leitor constantemente em dúvida sobre o que é real

Os Zumbis de I Am a Hero

  • Os infectados, chamados de ZQN, mantêm traços da vida anterior (comportamentos repetitivos, frases sem sentido)
  • A transformação zumbi é mostrada com crueza e detalhes corporais grotescos
  • A infecção se espalha rápido, levando à queda das instituições e colapso da sociedade japonesa

Curiosidades

  • Recebeu adaptação em filme live-action em 2015, com bons efeitos práticos
  • O título é irônico: “I Am a Hero” contrapõe o comportamento passivo e disfuncional de Hideo
  • O autor consultou estudos reais de doenças mentais para construir o perfil psicológico do protagonista
  • Diferente de muitos mangás do gênero, a obra foca mais na desumanização social do que na ação desenfreada
  • Foi um dos primeiros mangás seinen de terror moderno a ter impacto internacional significativo

Conclusão

I Am a Hero não é apenas um mangá de zumbis, é um mergulho na mente de um homem quebrado em um mundo mais quebrado ainda.
Com arte impressionante, narrativa madura e um protagonista longe do ideal heroico, a obra nos faz questionar até que ponto estamos preparados para sobreviver mesmo, e se realmente somos diferentes daqueles que chamamos de monstros.

Ben Tobias

Ben Tobias

Especialista em gerar artigos temporários repletos de curiosidades retro e cultura pop. Unindo conhecimento e paixão, é melhor voltar com o artigo completo comendo pão!

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